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EILEAN NI CHUILLEANAIN
Eiléan Ní Chuilleanáin ( pronunciado [ɛˈlʲeːn̪ˠ nʲiː ˈxɪlʲaˌn̪ˠaːnʲ] ; nascido em 1942) é um poeta e acadêmico irlandês . Ela foi a Professora de Poesia da Irlanda (2016-19).
Ní Chuilleanáin nasceu em Cork em 1942. É filha de Eilís Dillon e do Professor Cormac Ó Cuilleanáin. Ela foi educada na University College Cork e na University of Oxford . Ela morava em Dublin com seu falecido marido Macdara Woods , e eles têm um filho, Niall Woods. Ela é Fellow do Trinity College Dubline uma professora emérita da Escola de Inglês, onde ingressou em 1966. Seus amplos interesses acadêmicos (notadamente sua especialidade em literatura renascentista e seu interesse em tradução) refletem-se em sua poesia. Ela se aposentou do ensino em tempo integral em 2011 e uma seleção de seus poemas está atualmente no programa do Certificado de Conclusão, o exame final do estado para alunos do ensino médio. Ní Chuilleanáin é membro de Aosdána . Ela é a fundadora da revista literária Cyphers , ao lado de
Pearse Hutchinson, Macdara Woods e Leland Bardwell . Ela continua editando a revista. Ela contribuiu com várias recitações de seus poemas, incluindo 'Small', escrito após a morte de Pearse Hutchinson , para o Irish Poetry Reading Archive.
Prêmios Editar
A primeira coleção de Ní Chuilleanáin ganhou o Prêmio de Poesia Patrick Kavanagh em 1973. Em 2010, The Sun-fish foi o vencedor do Prêmio Internacional Grifo de Poesia com sede no Canadá e foi selecionado para o Prêmio Poesia Agora . Em 2016, foi nomeada Professora de Poesia da Irlanda pelo Presidente da Irlanda, Michael D. Higgins.
TEXTS IN ENGLISH – TEXTOS EM PORTUGUÊS
CHUILLEANÁIN, Eilán Ní. Hábitos do musgo. Trad. Luci Collin. Curitiba, PR: Kafka Edições, 291º. 174 p. ISBN 978-85-61824-09-2 Ex. bibl. Antonio Miranda
“Ni Chuilleanáin estabelece com seu estilo aparentemente impessoal, sua obra está sedimentada sobre uma grande intensidade emocional e a leitura atenta de seus poemas gera um envolvimento em grande profundidade.” LUCI COLLIN
Tradução de Luci Collin
PIGMALION´S IMAGE
Not Only her stone face, laid back staring in the ferns,
But everything the scoop of the valley contains begins to move
(And beyond the horizon the trucks beat the highway).
A tree inflates gently on the curve of the hill;
An insect crashes on the carved eyelid;
Glass blows westward from the roots,
As the wind knifes under her skin and rufles in like a book.
The crisp hair is real, wriggling like snakes,
A rustle of veins, tick of blood in the throat;
The lines of the face tangle and catch, and
A green leaf of language comes twisting out of her mouth.
A IMAGEM DE PIGMALEÃO*
Não só o rosto pétreo dela, pra trás fitando as samambaias,
Mas tudo que a concavidade do vale contém começa a se mover
(E além do horizonte os caminhões cruzam a rodovia).
Uma árvore se infla delicada na curva da colina;
Um inseto colide contra a pálpebra esculpida;
O capim é soprado para o oeste desde as bases,
Quando o vento corta a pele dela e a folheia como se um livro.
O cabelo anelado é real, coleando como cobras;
Um sussurrar de veias, som de sangue na garganta;
As linhas do rosto se enredam e se compreendem, e
Uma folha verde de linguagem serpeia para fora de sua boca.
*
Figura lendária, Pigmaleão, Rei de Chipre e artista, foi eternizado na obra Metamorfoses, de Ovídio, na qual se conhece a história do escultor que, tentando reproduzir a mulher ideal, se apaixona pela estátua a qual está esculpindo em marfim. Ele oferece presentes à estátua e conversa com ela; com pena de
Pigmaleão e para atender as suas preces, a deusa Afrodite dá vida à estátua,
que recebe o nome de Galateia. Pigmaleão e Galatea casam-se e têm um casal de filhos. O poema apresenta o potencial de recuperação de uma voz feminina que
gradualmente deixa de ser uma estátua e adquire sua própria expressão.
THE ARCHITECTURAL METAPHOR
The guide in the flashing cap explains
The lie of the land.
The buildings of the convent, founded
Here, a good mile on the safe side of the border
Before the border was changed,
Are still partly a cloister.
Tis was the laundry. A mountain that speaks steals
Though the room, shifts by piles of folded linen.
A radio whispers behind the wall:
Since there is nothing that speaks as clearly
As music, no Other voice that says
Hold me I´m going... so faintly,
Now light scatterss, a door opens, laughter breaks in,
A Young girl barefoot, a man pushing her
Backwards Against the hatch —
A METÁFORA ARQUITETÔNICA*
O guia de boné dá uma explicação
Geral sobre a terra.
Os prédios do convento, construídos
Aqui, uma boa milha no lado seguro da margem
Antes da margem ter sido mudada,
Ainda são em parte um claustro.
Aqui era a lavanderia. Uma sombra espessa e furtiva
Cruza a sala, se segura pelas roupas de cama
empilhadas.
Um rádio sussurra por trás da parede:
Já não há nada que fale tão claro
Quanto à música, nenhuma outra voz que diga
Me segure, estou partindo... tão vago.
Agora a luz se dissipa, uma porta se abre, entra uma
risada,
Uma garotinha descalça, um homem a puxa
Para trás contra a portinhola —
*
Ambientado em um convento em ruínas e focalizando a lavanderia onde
as internas trabalhavam, o poema se constrói na oscilação entre o visto
e o não visto. Observa-se o contraste entre a garota rindo (o prazer físico)
e a vida monástica, o claustro e a irmã pálida morta (o mundo espiritual);
a portinhola, que divisa limites, sugere a passagem de um mundo a outro:
o mundo dos vivos e o dos mortos, o presente e o passado. O guia vai
descrevendo o local, mas imagens inesperadas (uma garotinha descalça,
uma portinhola que se abre) evocam um deslocamento da ideia central
e um avanço em relação aos limites preestabelecidos. A imagem de uma
porta (ou de uma janela) que se abre, revelando algo que pode ser obser-
vado através dela, é recorrente nos poemas e Ni Chuilleanáin.
THE REAL THING
The Book of Exits miraculously copied
Here in this convent by na angel´s hand,
Stands open on a lectern, grooved
Like the breasts of a martyred deacon.
The Bishop has ordered the Windows bricked upo n this side
Facing the fields beyond the city.
Lit by the glow from the cloister yard at noon
On Palm Sunday, Sister Custos
Esposes her major relic, the longest
Known fragmente of the Brazen Serpent.
True stories wind and hang like this
Shuldering loop wreathed on a lápis lazuli
Frame. She says, this is the real thing.
She veils it again and locks up.
On the shelves behind her the treasures are lined.
The Episcopal seal repeats every coil,
Stamped on all closures of each reliquary
Where the labels read: Bones
Of Different Saints. Unknown.
O QUE É GENUINO
O Livro do Êxodo, copiado milagrosamente
Aqui neste convento pela mão de um anjo,
Permanece aberto sobre o suporte, com lanhos
Como o peito de um diácono martirizado.
O bispo ordenou que atijolassem as janelas da lateral
Que dá para os campos além da cidade.
Iluminada pelo brilho da abóbada do claustro ao meio dia
No Domingo de Ramos, a Irmã Custódia|
Expõe sua maior relíquia, o mais extenso
Fragmento que se conhece da Serpente de Bronze.
Histórias verídicas circulam e pairam como este
Atemorizante laço entrançado numa moldura
De lápis lazúli. Ela diz: este é o genuíno.
Cobre-o de novo com um véu e o tranca à chave.
Nas estantes atrás dela os tesouros estão enfileirados.
O brasão episcopal é reproduzido em todos os rolos,
Estampado nos fechos de cada relicário
Em etiquetas onde se lê: Ossos
De Diversos Santos. Desconhecido.
A persona do poema, Irmã Custódia, é uma mediadora entre o presente
e o passado; a silenciosa e marginalizada figura feminina (silenciada pela
figura matriarcal do bispo), mantenedora das relíquias do convento, ao
longo do poema se torna a ligação com o passado. A condição temporal
do poema, o Domingo de Ramos, dando início à Semana Santa, ou semana
da Paixão de Cristo, que culminará com a Ressurreição na Páscoa, marca
um processo supremo de metamorfose. A Irmã Custódia reforça o ato da
fé e da dedicação à religião e mantém viva a história mostrando as relíquias — ela mesma é “o genuíno” — seus atos desafiam o silêncio da história. Símbolo do pecado julgado e condenado, a Serpente de
Bronze, no hebraico nehushtan, representando um objeto sagrado
em forma de serpente assentada sobre um mastro, aparece na
Bíblia nos dois Testamentos (Êxodo 27:2; Números 21.4, 9s e 21:6;
II Reis 18,4; João 3:14; Coríntios 5:21s; entre outros.
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Página publicada em abril de 2021
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